Adoro esse conto e sempre penso se às vezes não precisamos sacrificar algumas vacas… Eu faço isso com certa frequência na minha vida e nunca me arrependi disso. E você, já jogou a sua vaca do penhasco? (A famosa zona de conforto)
A Vaca no Penhasco
“Mestre e discípulo andavam pela estrada. O caminho era inóspito, agressivo. O ambiente não era favorável à vida. Muitas pedras e montanhas escarpadas de muito pouca vegetação. Avistaram, ao longe, uma casinha de aspecto pobre e humilde, e para lá se dirigiram. Foram recebidos, hospitaleiramente, pelo dono da casa e sua numerosa família. Foram abrigados, e os residentes, com eles, compartilharam sua escassa comida e seu espaço para dormir. Interrogado pelo mestre, o dono da casa disse que a alimentação provinha de uma única fonte: uma única vaca da qual tiravam leite e seus subprodutos. O excedente era usado para efetuar trocas no povoado mais próximo. – Volte lá, às escondidas, e jogue a vaca no penhasco. Estupefato, o discípulo argumentou: – Mestre, como podes me pedir isto? Então não percebes a pobreza de tão numerosa família, e que seu único sustento é a vaca? E, mesmo assim, pedes-me para jogá-la no penhasco? – Sim – disse o mestre. Jogue a vaca no penhasco. Desorientado, o discípulo decidiu atender o mestre, no entanto, não conseguia fazê-lo, sem sentir uma enorme culpa. Mesmo assim, o fez pelo mestre. – Há uns dois ou três anos, aqui havia uma pequena e pobre casinha. Saberia me dizer para onde foram aquelas pessoas? – Somos nós – respondeu o homem. – Não, refiro-me àquelas pessoas pobres que aqui viviam. – Somos nós – respondeu ele, novamente. – Mas, o que aconteceu? – disse, olhando o progresso a sua volta. – Bem – disse o homem. Aconteceu, numa noite, um terrível acidente, em que nossa vaca, nossa única vaca, caiu do penhasco, e ficamos sem nossa fonte de sustento. Não tivemos outra alternativa, então, a não ser buscar trabalho. Descobrimos, então, nossas próprias capacidades, e as potencializamos. Como resultado, temos hoje uma bonita e confortável casa”. Um mestre pode saber além da percepção do que está a nossa frente. Por isso, já sabia o que se desencadearia ao mandar jogar a vaca do penhasco. Já o discípulo, nada pode ver ainda, a não ser o que está diretamente a sua frente. Por isto, somente viu o infortúnio daquelas pessoas. O infortúnio é imediato. O infortúnio é transitório. |
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