Sobre não julgarmos

Estava assistindo a um filme com o Nuno no fim de um domingo. um dos meus programas preferidos, e um dos assuntos do filme é a eutanásia. Sem querer fazer spoiler de nada, por isso não vou contar o nome do filme, a vida do rapaz vira de cabeça para baixo e ele sofre horrores.  Então ele decide, depois de muito pensar, que a eutanásia é a solução para ele e nada o faz mudar de ideia.
Não vou te dizer se ele muda ou não muda, pois essa é a graça do filme, mas em um momento do filme, quando ele diz que não vai desistir desse projeto, eu olhei para o Nuno e disse: eu não julgo.
Não julgar faz parte de um trabalho que fiz comigo mesma durante bastante tempo. É muito fácil darmos opinião na vida dos outros e dizermos que o que ela está fazendo é certo ou errado. Mas a nossa opinião é diretamente influenciada pelos nossos valores, pelas nossas experiências, pelas nossas necessidades e carências. Ou seja, as escolhas e decisões delas são pautadas sobre todas essas questões pessoais dela.
Eu não faria. Mas será que eu, se tivesse passado pelo que essa pessoa passou, pelas dificuldades, pelas expectativas, talvez concluísse a mesma coisa que a pessoa em questão.
Vai saber se quando eu for idosa eu não vou fazer exatamente as mesmas coisas que os idosos de hoje fazem e, fazendo uma análise superficial, dizemos que a pessoa está errada.
Vou te dar um exemplo. Meu avô paterno fumava. Não muito, mas fumava. Com 80 e tantos anos ia ao médico. Na segunda ou terceira consulta o médico dizia: Seu Hermann, o senhor precisa parar de fumar. Nesse momento, ele mudava de médico. Ele fumou por 70 anos e, obviamente, veio a morrer de câncer de pulmão. Mas uma pessoa que se mudou de país porque no dele passavam fome entre as guerras, que teve que refazer a vida sozinho e do nada, que já havia perdido duas esposas e passado por milhares de coisas que não temos a menor ideia… será que a pessoa não tem direito a escolher fumar, mesmo que isso vá, aos poucos, consumindo a vida dele?
É um bom exercício de autoconhecimento e, principalmente, de nos importarmos mais com as nossas vidas e menos com a vida dos outros.
Você concorda?

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