Diário de uma emigrante apaixonada

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Existe o cliché de que quem emigra fica com o coração dividido para sempre, e esse cliché é verdade. Como boa portuguesa que sou, amante do fado e da saudade, até há algum tempo isso era um peso para mim, mas não mais.

Existe outro cliché de um emigrante, quando você está no país para onde emigrou você não se sente dali, mas quando vc volta ao seu país também não é de lá, e de novo, como boa portuguesa que sou, até há algum tempo isso me incomodava, mas não mais.

Como boa meio-brasileira que já sou, capaz de sobreviver perante qualquer adversidade com um sorriso, chegou um momento em que percebi que a realidade é aquilo que fazemos dela e ponto final. Posso chorar que tenho o coração dividido, ou posso encarar como tendo família, amigos e interesses em dois lugares do mundo.

Posso reclamar que não sou mais de lugar algum, ou posso me sentir privilegiada em pegar de dois lugares tão diferentes, como são São Paulo e Lisboa, o melhor que eles têm para oferecer.

Emigrar, acima de tudo, nos humaniza, nos mostra que somos intrinsecamente todos os iguais e que as diferenças culturais são a riqueza que nos une.

Essa sou eu. Vamos juntos viver este mundo a partir de agora.

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