Toda esta coluna “Palavras que Inspiram” foi inspirada pela minha melhor amiga, comadre, irmã, Ana Abade. Viciada em livros desde que me lembro dela, ou seja, desde há 30 anos, de tempos em tempos manda-nos estes textos interessantes e transformadores.
Exatamente por sentir isso sempre que leio as palavras que ela me manda, senti necessidade de partilhar consigo essa inspiração.
Particularmente adoro este texto, porque adoro alegrar-me com as vitórias dos que amo.
Espero que goste.
Um grande beijinho.
“(…) não há nada mais miserável em nós do que não sabermos alegrar-nos com a alegria dos outros. Compreender a dor dos outros e sair-lhes ao encontro é uma regra indiscutível. Mesmo quando pouco podemos fazer para alterar as circunstâncias dolorosas que vivem, a presença é uma confirmação preciosa e necessária daquilo que nenhum sofrimento poderá abalar a certeza de que, aconteça o que acontecer, não estão sós. E todos experimentamos como isso se torna determinante em certas horas. Porém, acompanhar os outros na sua alegria não é tarefa de menor préstimo. (…)
É preciso, contudo, que aprendamos a disponibilidade para nos alegrarmos com o bem que acontece aos outros, e a fazê-lo gratuitamente, sem pensar no que possamos receber em troca. Implica vencermos o tique contínuo de nos compararmos (e, quase sempre, em plano de superioridade); contrariarmos pulsões mesquinhas, mesmo se travestidas de grandes sentimentos ou razões; suspendermos juízos cínicos sobre méritos e deméritos; distanciarmo-nos dessa forma destrutiva de admiração que a inveja é. Bernanos escreveu que “saber encontrar a alegria na alegria dos outros é o segredo da felicidade”. As pessoas felizes são aquelas capazes de dedicar-se a alegrias que não lhes pertencem. De conspirar discretamente para que elas aconteçam. De favorecê-las de muitas maneiras. E, por fim, de apagar-se para dar-lhes todo o lugar.”
José Tolentino Mendonça
