Esta é uma daquelas histórias que dá vontade de começar a ler só pelo título. É um título forte, chocante, mas o conteúdo do texto é-o ainda mais.
Como é que é possível? Foi a pergunta que se manteve na minha cabeça o tempo todo.
Deixo-lhe aqui um excerto para aguçar a sua curiosidade.
“As cinzas enchiam uma caixa de plástico preto do tamanho de uma torradeira. Pesava 1,6 kg. Coloquei-a dentro de um saco de pano-cru a um canto da mala que já tinha preparada para o voo transpacífico para Manila. Seguiria daí de carro para uma aldeia rural, o meu destino nesta viagem para deixar tudo o restava daquela mulher que durante 56 anos fora a escrava da minha família.
Chamava-se Eudocia Tomas Pulido. Para nós, era a Lola. Media 1,50 metros, a pele dela era da cor do café e tinha olhos de amêndoa, os olhos que ainda hoje vejo a mirar os meus naquilo que é a minha primeira memória. Lola tinha 18 anos quando o meu avô a ofereceu como prenda à minha mãe. Quando a minha família se mudou para a América trouxemo-la. Esta mulher foi uma escrava para nós e não há outra palavra no dicionário para descrever a vida que Lola levou. Levantava-se antes de acordarmos, deitava-se depois de todos estarem na cama. Preparava três refeições por dia, limpava a casa, servia os meus pais e tomava conta de mim e dos meus quatro irmãos. Os meus pais nunca lhe pagaram e passavam a vida a criticá-la. Não a tinham com algemas mas era como se tivessem. Tantas noites em que, a caminho da casa de banho, ia dar com ela a dormir a um canto, afundada sob uma pilha de roupa, os dedos ainda agarrados à última peça que estivera a dobrar.”
O resto da matéria por lê-la aqui. Vale muito a pena.
Um beijinho.