1 ano

Juju_30

Pensei muito se deveria ou não escrever este post, acho que com receio daquelas críticas, tão comuns, às mães que falam sobre a sua vivência da maternidade. Como se por serem mães não tivessem mais personalidade ou outro tema de interesse. E cheguei à conclusão que tinha de fazê-lo porque não faz sentido falar neste site sobre tudo o que me motiva, alegra e afeta e não falar do que de mais importante tenho na vida. Não seria honesto nem coerente. Consigo até viver com as críticas, mas não consigo de todo viver com desonestidade e incoerência.

Pois bem, 1 ano de Julieta. Decidi que quero escrever. Ok! A grande questão agora é o quê? O que escrever sobre o ano mais insano e produtivo da minha vida?!
Vamos por partes, porque organização foi uma coisa que não perdi, hehe.

Lembro-me de há uns anos atrás, o meu segundo pai, o meu tio Manel, me perguntar porque eu queria tanto ser mãe. A resposta era sempre a mesma a esta pergunta, pela continuidade do sangue, e porque sentia que quando se tem filhos as nossas prioridades na vida ficam imediatamente definidas, e eu queria isso.
1 ano depois, o meu sangue continua e as minhas prioridades nunca estiveram tão claras.

Lembro-me de que o meu maior medo com a maternidade era surtar de tantas hormonas e deixar de ser eu mesma, destruir o meu casamento e vida profissional.
1 ano depois continuo a ser a mesma pessoa e a minha vida profissional está viva, assim como o meu casamento.

Detesto clichés, e detesto mais ainda ter de reconhecer que eles são verdade.
Mas 1 ano depois tenho de reconhecer que eles são. Falo nos positivos, nos ridiculamente felizes. Porque os maus, não penso muito neles, acho que cada um deve vivê-los da melhor maneira que conseguir.

Esta semana fomos falar com o padre que vai batizar a Juju e ele perguntou-nos: o que significa para vocês a Julieta? Que pergunta impossível de responder! Adorei a resposta do Leo, mas reservo-lhe o direito da privacidade e não a vou contar aqui (esta frase foi só para aguçar a sua curiosidade). A minha não podia ter sido mais banal e mais verdadeira. Significa tudo! E acho que todos os pais e mães sentem isso.
O tudo hoje, e o tudo para sempre. E sendo o tudo é também o maior aprendizado da minha vida.

ParisE então o que é que eu aprendi mesmo?
– quais são as prioridades da minha vida;
– que continuo a ser a mesma pessoa, só que melhor, porque tenho sempre algo porque lutar;
– que não deixei de amar quem antes amava, só passei a amar mais um ser, agora incondicionalmente;
– que me tornei melhor filha, porque entendi melhor a minha mãe;
– que nunca quis tanto ser filha da minha mãe, como agora;
– que se ensina pelo exemplo e não pelas palavras;
– que tenho de viver um dia depois do outro;
– que se fomos os dois a fazer esta criança, temos de estar para sempre juntos na vida dela, mesmo que um dia o casamento não subsista;
– que ela não pediu para nascer, então preciso dar o meu melhor;
– que tenho de ser mais tolerante com os outros, mais doce, mais humana;
– que não tenho tempo a perder com coisas e pessoas que não interessam;
– que muitas vezes as pessoas usam os filhos como desculpa e que não o fazer é uma escolha consciente, porque é muito tentador fazê-lo;
– que deveria aprender com as outras mães, e ser com a minha primeira filha como se ela fosse a segunda, é o que estou a tentar fazer;
– que não posso perder a esperança e a alegria, porque sem isso não consigo ensinar-lhe nada;
– a não deixar nada para depois, porque o depois acumula-se;
– que a minha filha não sou eu, é uma pessoa com características e personalidade próprias e eu tenho de respeitá-la sempre;
– a observar sem interferir e sem expectativas, é a única forma de conhecê-la e aprender a lidar com ela;
– que a adolescência não vai ser fácil, hehe;
– que não adianta sentir culpa, adianta desfrutar de cada momento, aprender com os erros, ser humilde, pedir desculpa e seguir em frente feliz;
– que não existem verdades absolutas, temos de confiar na nossa intuição;
– que só quero que ela seja feliz e realizada, fazendo o que quiser, como quiser, com quem quiser;
– que tudo nesta vida são escolhas e que o que eu quero mesmo é estar em paz com essas escolhas;
– que auto-superação é a capacidade mais necessária de ser desenvolvida por um pai ou uma mãe;
– a não julgar, a dureza só nos afasta, nós precisamos dos outros e eles precisam de nós;
– que nada tem de ser perfeito, a vida faz-se vivendo e no fim tudo dá certo;
– acima de tudo aprendi que o mais importante é fomentar nela auto-estima, que ela goste dela, que se sinta bem sendo quem é, que se aceite, que se considere digna de tudo o que de bom a vida tem para dar.

Aprendi tantas mais coisas, mas estas são as que me marcaram verdadeiramente. E estamos a falar de apenas 1 ano de vida da Jujinha (como a minha mãe a chama).

Sei que estou a ser lamechas, but who cares?! Adoro a ideia de que um dia a Julieta vai ler isto que escrevi e perceber a importância que tem e sempre terá na vida da família dela, o quanto é e sempre será amada.

Dedico este post à minha mãe, sem o seu exemplo não saberia ser mãe, e até acho que não estou a fazer um mau trabalho.
Beijinhos

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