Conversando com o nosso leitor e amigo Rodrigo Cunha, ele mencionou uma frase de um texto do Manuel Bandeira. A frase era:
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
A frase isolada por si só é profunda e, por não fazer muito sentido de início, dá margem a várias interpretações e questionamentos sobre as nossas escolhas e o valor que damos lhes damos.
Porém o texto completo nos contextualiza melhor:
Pneumotórax Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: – Diga trinta e três. – Trinta e três… trinta e três… trinta e três… – Respire. – O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. – Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? – Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Nas palavras do Rodrigo Cunha, – “a ele foi dado pelo médico o diagnóstico de que iria morrer a qualquer momento quando era jovem e não tinha nada a se fazer. E acho que ele, o próprio Manuel Bandeira, viveu uns 80 anos se privando de coisas… pois achava que iria morrer… e até mesmo não se envolver emocionalmente com alguém…”
E talvez esta morte inevitável e breve o fez criar e querer criar tanta literatura espetacular como criou. E na verdade a todos nós, ao nascermos, é dada a sentença da morte iminente e realmente, a não ser que seja dado um diagnóstico preciso e mesmo se for, acredito que tenhamos que aproveitar nossa vida, as pessoas que amamos, as experiências e as emoções que sentimos!!!
Voltamos ao mote: EXPERIMENTE. SIMPLIFIFIQUE. QUE TAL?
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Eu lembro que a primeira vez que tive contato com Manuel Bandeira foi no colegial, estudando sobre a semana de arte moderna, logo que vi que Manuel estava muito além dos “sapos”, peguei um livro dele para ler, e claro que foi maravilhoso, sempre penso Pneumotórox quando tenho que tomar alguma decisão, seguir algum caminho, pois nestes caso sempre vem o pesando se eu for por aqui o que pode acontecer, e se não for o que deixarei de viver, enfim dá para ficar um bom tempo pensando sobre isso… rs.
Outro que adoro dele é:
Teresa
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
Rodrigo! Que texto incrível. Ainda estou tentando entendê-lo… mas talvez essa seja a graça! Muito feliz que esteja participando conosco aqui!!! Abraço.