As expectativas, frustrações e surpresas que Veneza me trouxe

2015-07-14 18.44.47No último mês de julho nós fomos para a cidade mais controversa em termos de opiniões que eu já vi. São Paulo tem quem ame e tem quem odeie, ponto. Veneza não. Teve gente que disse que amou, teve gente que disse que odiou, teve gente cujo sonho passou a ser morar lá, outras, que não cheira nem fede (piadinha feita eu sei, mas não poderia deixá-la passar). E isso não seguia nenhum padrão óbvio.

Como também sou filha de Deus, quero deixar aqui minhas opiniões sobre essa cidade, cheia de charme, de gôndolas, de turistas e de ruelas por onde se perder.

A primeira coisa que me falaram foi: é fedida, muito fedida, você vai odiar. Não sei se dei sorte nesse aspecto, mas para mim o Tietê consegue ter cheiros muito piores e mais fortes.

A segunda coisa: é cheia, muito cheia! você vai odiar. Quem me disse isso com certeza nunca foi à 25 de março em um sábado. Nem precisa ser véspera de dia das crianças ou natal. A cidade era sim cheia, mas não era abarrotada, daquelas de fazer perder a paciência até o mais despreocupado dos turistas.

Alugamos um hotel bom, bem localizado e que tinha opção de traslado do e para o aeroporto. Sabia que a hospedagem seria essencial para uma boa estada. Como não tive opção de escolher o mês, pois em julho estaria na Europa e a ideia era preencher uma semana entre 2 fins de semana de trabalho, fomos durante a semana, o que já trazia um sossego levemente maior.

Alguns me disseram para ficar em Mestre e ir passar o dia em Veneza. Essa ideia é válida dependendo das suas metas com a viagem. Como gostaria de fazer tudo a pé e ter a possibilidade de ir descansar ou usar o meu banheiro sempre que quisesse, preferi pagar um pouco mais e me hospedar na própria cidade. E acho que valeu super a pena.

A mudança de paradigma de não ter carros para mim foi deliciosa. Fizemos praticamente tudo a pé, mesmo que a caminhada fosse mais longa, parávamos em uma lojinha, em um café ou em uma sorveteria. Descansávamos, conversávamos, ríamos, comíamos uma coisinha e seguíamos caminho. Adorei essa parte. Pegamos barco apenas nos traslados com o aeroporto, para ir a Murano e uma outra vez em que quisemos ir para Dorsoduro e já estávamos cansados no fim da viagem. E fizemos um passeio de gôndola (baRca, como dizem os gondoleiros no seu dialeto local e a Lívia, que morou em Ribeirão :P).2015-07-15 11.09.13

Um adendo que não tem a ver diretamente com esta viagem, mas é um conhecimento que quero dividir com nossos leitores. Se você quer saber se um amigo é amigo para a vida inteira ou se um namoro vai dar certo, viaje com essas pessoas. Eu só viajo com pessoas que conheço muito bem, que sei que têm um ritmo parecido com o meu e gostos bem semelhantes. Nunca passei por isso, mas sei de histórias de amizades e amores que terminaram depois de uma viagem.

No nosso caso, a viagem não poderia ser com companhias melhores. Fomos eu e o Nuno, Dezinho e Livia, Vivi e Rob. Pessoas que sei que poderíamos viver em uma comunidade e a relação daria certo. Já nos conhecemos todos muito bem e, mais importante, conhecemos as manias de cada um e os sinais, e acima de tudo, nos respeitamos profundamente. Como sabemos que o DeRose não gosta de viajar (eu sei, poderíamos não ter ido, mas isso renderia um outro post, bem maior ou talvez um livro… a questão é: Nós o arrastamos 😛 Venha o karma) o cuidado de todo o  grupo era respeitar o tempo e o limite dele, sem deixar nossas expectativas e vontades de lado.

Estava quente, muito quente. Isso é uma coisa importante. Se você for no verão leve roupas muuuito frescas. O calor é quase insuportável!

A minha maior decepção: A comida! Eu havia feito um post no facebook pedindo dicas a amigos, mas quando chegamos lá o meu post havia sumido e eu não consegui encontrar as dicas preciosas. Como toda cidade muito turística, os garçons não fazem questão de ser muito atenciosos e nem de servir uma comida incrível, já que não precisam fidelizar os clientes, posto que em poucos dias eles irão embora e novos virão!

A falha foi minha, óbvio. Minha expectativa, sempre ela, em relação à comida era alta. Minha experiência de Itália se resumia em Roma e Milão, onde em qualquer esquina você come muito bem. Como Veneza está localizada no litoral, o forte são os peixes e frutos do mar. Eu achava que seriam as massas e que estaríamos super bem. Infelizmente isso não foi verdade. Comida cara (para os turistas) e bem mediana.

Agora a parte mais divertida: as máscaras! Existem centenas de lojas e barracas de máscaras. A maioria delas são aquelas de plástico, imitações feitas em grande escala para venda em varejo, com custo mais baixo e qualidade condizente. Não estou julgando e dizendo que quem as vende ou as compra está errado. Longe de mim querer opinar sobre o gosto alheio.2015-07-16 10.24.52 2015-07-16 10.24.43

Para o meu perfil, gostei muito mais daquelas máscaras feitas a mão, de papier mâché, produzidas e pintadas uma a uma, um pouco mais caras que as outras, mas cujo dinheiro ficava para os artistas e lojas locais.

http://marega.it/en/

http://kartaruga.it/en/the-masks/the-traditional-venetian-masks/

Nos divertimos horrores experimentando e comprando essas máscaras, objetos que trazem incertezas e fantasias à tona, que brincam com mistérios e atrás das quais podemos nos esconder e revelar apenas o que quisermos para o mundo exterior.

Essas foram as lembranças que trouxemos dessa viagem.

Se eu voltaria? Com certeza! De preferência para o carnaval que deve ser a época mais divertida da cidade!2015-07-15 15.57.29

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