Ainda em clima de doces portugueses, porque será que tantos desses doces são feitos com gema de ovo?
A resposta a esta curiosidade é muito interessante. Nos conventos, onde a maioria desses doces foi criada a clara era usada para engomar a roupa, logo sobravam as gemas, e foi assim que se criaram estes doces, chamados de doces conventuais.
De uma forma um pouco mais erudita, aqui fica a explicação de uma historiadora chamada Vilma Campos.
Espero que goste.
Se souber de alguma História curiosa sobre os doces de seu país ou região envie-nos, é por isso que você é o 4 do 4Ever3.
Beijos
“A doçaria dos conventos, em Portugal, teve seu apogeu no período que vai do reinado de Dom Afonso IV, “O Bravo” (início do século XIV), ao fim da Inquisição (por volta do século XVIII). Havia, neles, fartura de tudo. Em razão das heranças deixadas por famílias ricas, quase todas com filhas que lá viviam; ou por pecadores, na esperança de merecer redenção para suas almas. Por conta de tanto luxo, ou pela origem nobre de freiras educadas no requinte da corte, nesses mosteiros as refeições em nada lembravam o rigor próprio das regras monásticas. E o ponto alto de tanta comilança era a doçaria. No início usando mel produzido nos próprios conventos; e depois açúcar, trazido pelos árabes à Península Ibérica. O principal ingrediente eram as gemas de ovo, sobras já que aproveitava-se só as claras, para engomar roupas. Açúcar e gema passaram a estar presentes em todas as sobremesas, (denominadas de doces conventuais e nomeadas com nome de santos e anjos); sendo usados, ainda, na fabricação de licores. Junto a esse açúcar, e trazidos pelos mesmos árabes, chegaram também outros ingredientes que pouco a pouco foram fazendo parte das receitas de bolos e doces – amêndoa, anis, avelã, canela, cardamomo, cravo, damasco, gengibre, noz-moscada, nozes, passa, pistache, tâmara. Era quase uma liturgia, guardando os mosteiros suas receitas como segredos de confessionário.”
Como Portuguesa, achei interessante o post. Contudo, deixo algumas retificações: o açucar provinha da colonização da então recém descoberta, Ilha da Madeira. Em relação às especiarias de que fala, como a canela, o anis, o cardamomo, o cravo, noz-moscada e gengibre, eram proveniêntes da descoberta pelos Portugueses, da Índia. Quanto à amêndoa e à tâmara, vieram certamente através dos Àrabes, assim como a àgua de laranjeira, tão utilizada nos nossos doces. O tema é bastante interessante, bem como as lendas envolvidas a cada doce. Espero ter ajudado.
Estou muito de acordo com Maria Rafael. Esta bem na historia o acucar vem da Madeira e especiarias da India.